DA TELA À ANOMIA
o ataque ao painel de Di Cavalcanti e os perigos para a memória coletiva
DOI:
https://doi.org/10.21728/p2p.2025v12n1e-7660Palavras-chave:
memória, documento iconográfico, democraciaResumo
O artigo analisa a mutilação da obra "As Mulatas/Mulheres na Varanda", de Di Cavalcanti, há dois anos, durante os atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 como um ataque à memória coletiva brasileira. O estudo utiliza a metodologia iconográfica de Panofsky e relaciona o vandalismo ao conceito de anomia de Durkheim e Merton, caracterizado pela desintegração das normas sociais. A pesquisa examina a obra como um documento iconográfico que celebra a presença afrodescendente na formação cultural brasileira, apesar das contradições presentes em seu título racializado, e demonstra como a representação das mulheres negras por Di Cavalcanti rompeu com padrões eurocêntricos, mesmo em meio às ambiguidades do modernismo brasileiro. Sob a perspectiva da Ciência da Informação (CI), o artigo interpreta a pintura como um documento iconográfico/interface informacional carregado de significados históricos, memorialísticos e políticos. O trabalho conclui que a destruição de bens culturais transcende o dano material, constituindo um atentado à pluralidade cultural e à memória nacional, e alerta para a necessidade de proteger esses símbolos como forma de preservar a própria democracia.
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