A sociedade do conhecimento e o humanismo

Autores

  • Mauro Lúcio Leitão Condé Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Belo Horizonte, MG, Brasil.

DOI:

https://doi.org/10.18617/liinc.v11i2.839

Palavras-chave:

Humanismo, Sociedade do Conhecimento, Epistemologia.

Resumo

Este artigo aborda aspectos epistemológicos das relações entre ciência, tecnologia e humanismo na era da informação, aqui chamada de “sociedade do conhecimento”. Seu pressuposto fundamental é de que existe um desenvolvimento simultâneo entre conhecimento científico e tecnológico, por um lado, e humanismo, por outro. Contudo, essa relação não é paralela. O humanismo opera de modo transversal à ciência e à tecnologia. Na medida em que a ciência e a tecnologia não têm um valor em si, mas nos seus usos, elas podem tanto ser instrumentos que impeçam a autonomia humana quanto, ao contrário, facilitadoras dessa autonomia. Na sociedade do conhecimento, o desenvolvimento científico e tecnológico é “condição necessária” para a emergência do humanismo – ou pelo menos do tipo de humanismo aí engendrado –, mas não é “condição suficiente”. Este artigo procura, assim, mostrar que a simultaneidade e a transversalidade entre conhecimento e humanismo, nesse modelo de sociedade, sugerem que essa relação comporte necessariamente uma perspectiva epistemológica, isto é, existe uma pressuposição epistemológica na própria condição ética humana. Somos seres éticos porque conhecemos, ainda que o ato de conhecer não nos torne, necessariamente, seres éticos.

 

Referências

CAPRA, F. A teia da vida: uma nova compreensão dos sistemas vivos. São Paulo: Cultrix, 1997.

CONDÉ, Mauro, L. L. As teias da razão: Wittgenstein e a crise da racionalidade moderna. Belo Horizonte: Argvmentvm, 2004.

FLECK, Ludwik. Gênese e desenvolvimento de um fato científico. Belo Horizonte: Fabre Factum, 2010.

FOUCAULT, Michel. Theatrum philosophicum. São Paulo: Princípio, 1997.

GARGANI, Aldo. Crisis de la razón. Cidade do México: Siglo Veintiuno, 1983.

LUHMANN, Niklas. Por que uma teoria dos sistemas? In: NEVES, C.; SAMIOS, E. (Coord.). Niklas Luhmann e a nova teoria dos sistemas. Porto Alegre: Ed. da UFRGS, 1997.

______. Sobre os fundamentos teórico-sistêmicos da teoria da sociedade. In: NEVES, C.; SAMIOS, E. (Coord.). Niklas Luhmann e a nova teoria dos sistemas. Porto Alegre: Ed. da UFRGS, 1997.

______. Social systems. Stanford: Stanford University Press, 1995.

ROSSI, Paolo. Os filósofos e a máquina. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

RUSSELL, Bertrand. Elogio do lazer. Rio de Janeiro: Zahar, 1977.

SNOW, C. P. As duas culturas e um segundo olhar. São Paulo: Edusp, 1993.

WITTGENSTEIN, Ludwig. Investigações filosóficas. São Paulo: Abril, 1978.

ZILSEL, Edgar. The social roots of science. In: ______. The social origins of modern science. Dordrecht: Kluwer Academic Publishers, 2000a. 1. ed. 1939.

______. The sociological roots of science.In: ______. The social origins of modern science. Dordrecht: Kluwer Academic Publishers, 2000b. 1. ed. 1942.

Downloads

Publicado

30/11/2015

Edição

Seção

Dilemas ético-epistemológicos da era da informação