Racismo estrutural, epistemologia da ignorância e a produtividade do discurso colonial: impactos na manutenção do acervo bibliográfico da Fundação Cultural Palmares

Autores

  • Maria Aparecida Moura Escola de Ciência da Informação, Universidade dos Direitos Humanos, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil https://orcid.org/0000-0003-2670-923X

DOI:

https://doi.org/10.18617/liinc.v17i2.5789

Palavras-chave:

Epistemologia da ignorância, Discurso colonial, Racismo estrutural, Cartografia das controvérsias

Resumo

Neste artigo, foram sistematizados os conceitos de racismo estrutural, epistemologia da ignorância e produtividade do discurso colonial. Posteriormente, a partir de análise de conteúdos, elaborou-se uma cartografia de controvérsias, envolvendo diferentes atores sociais no contexto da publicação do relatório técnico “RETRATO DO ACERVO - Três décadas de dominação marxista na Fundação Cultural Palmares”. À luz do quadro teórico adotado, analisou-se um conjunto de controvérsias sociais, derivadas da publicação do relatório técnico, com o objetivo de compreender em termos empíricos, a produtividade, a permanência e os limites do discurso colonial em espaços de produção e circulação de conhecimento. Concluiu-se que, a assunção da epistemologia da ignorância em espaços de organização e difusão do conhecimento pode propiciar um ambiente dogmático e, por extensão, validar justificações epistêmicas parciais que tende a negar os efeitos da desigualdade cumulativa e da gestão unilateral dos registros da memória

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Publicado

30/11/2021

Como citar

MOURA, M. A. Racismo estrutural, epistemologia da ignorância e a produtividade do discurso colonial: impactos na manutenção do acervo bibliográfico da Fundação Cultural Palmares. Liinc em Revista, [S. l.], v. 17, n. 2, p. e5789, 2021. DOI: 10.18617/liinc.v17i2.5789. Disponível em: https://revista.ibict.br/liinc/article/view/5789. Acesso em: 28 mar. 2024.

Edição

Seção

Decolonialidade e Ciência da Informação: veredas dialógicas