Crescimento demoeconômico no Antropoceno e negacionismo demográfico

Autores

  • José Eustáquio Diniz Alves Pesquisador aposentado, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Rio de Janeiro, RJ, Brasil https://orcid.org/0000-0001-6095-9668

DOI:

https://doi.org/10.18617/liinc.v18i1.5942

Palavras-chave:

População, Aquecimento global, Pegada ecológica, Biocapacidade, Decrescimento demoeconômico

Resumo

O mundo experimentou, nos últimos 250 anos, um crescimento econômico e demográfico, de tal ordem, que degradou a maioria dos ecossistemas do Planeta, provocou a perda de biodiversidade e desestabilizou o clima que havia apresentado uma impressionante estabilidade no Holoceno. Assim, gestou-se uma nova Era geológica, o Antropoceno, época em que as atividades antrópicas se constituem em uma força tão poderosa que tem sido capaz de sobrepassar a capacidade de carga da Terra. O objetivo deste artigo é mostrar como o impacto do crescimento econômico e demográfico influiu na sobrecarga ambiental e na elevação das emissões de carbono, que são vetores inequívocos do agravamento da crise climática e ambiental. Para tanto será utilizado, por um lado, a metodologia que relaciona a Pegada Ecológica e a Biocapacidade da Terra para mensurar, tanto o déficit ecológico global, quanto o déficit por categorias de renda. Por outro lado, serão avaliadas as correlações entre as emissões de CO2, a temperatura global e o crescimento da economia e da população. Ao contrário do que opinam os céticos e negacionistas, o artigo reforça o entendimento de que o aumento das atividades humanas sobre o meio ambiente, principalmente nos últimos 70 anos, tem rompido os limites das fronteiras planetárias. E, embora o aumento do volume global da produção de bens e serviços deva ser considerado o principal fator desestabilizador do Sistema Terra, não se pode desconsiderar a contribuição do crescimento demográfico para a ampliação do déficit ecológico global

Referências

ALVES, J. E. D.; MARTINE, G. Population, development and environmental degradation in Brazil. In: ISSBERNER, L. R.; LÉNA, P (Eds). Brazil in the Anthropocene: Conflicts between predatory development and environmental policies. New York: Routledge, 2017.

DALY, H. Ecologies of Scale, Interview by Benjamin Kunkel. New Left Review 109, Jan-Fev 2018. Disponível em: <https://newleftreview.org/II/109/herman-daly-benjamin-kunkel-ecologies-of-scale>, acesso em 10/03/2022.

DASGUPTA, P. The Economics of Biodiversity: The Dasgupta Review. London: HM Treasury, 2021. Disponível em: <https://www.gov.uk/government/publications/final-report-the-economics-of-biodiversity-the-dasgupta-review> , acesso em 10/03/2022

GEORGESCU-ROEGEN, N. The Entropy Law and the Economic Process. Harvard University Press, 1971. DOI: https://doi.org/10.4159/harvard.9780674281653

GLOBAL Footprint Network. Disponível em: <https://data.footprintnetwork.org/#/exploreData>, acesso em 10/03/2022.

HICKEL, J. Less is more: how degrowth will save the world, Penguin Random House, London, 2021.

The Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). Climate Change: Impacts, Adaptation and Vulnerability, Intergovernmental Panel on Climate Change, 28/02/2022. Disponível em: <https://report.ipcc.ch/ar6wg2/pdf/IPCC_AR6_WGII_FinalDraft_FullReport.pdf>, acesso em 10/03/2022.

The Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). Climate Change and Land. An IPCC Special Report on climate change, desertification, land degradation, sustainable land management, food security, and greenhouse gas fluxes in terrestrial ecosystems, 08/08/2019. Disponível em: <https://www.ipcc.ch/site/assets/uploads/2019/08/4.-SPM_Approved_Microsite_FINAL.pdf>, acesso em 10/03/2022. DOI: https://doi.org/10.1017/9781009157988

The Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). Global Warming of 1.5 °C, 2018. Disponível em: <http://www.ipcc.ch/report/sr15/>, acesso em 10/03/2022.

LÉNA, P.; ISSBERNER, L. R. Anthropocene in Brazil: an inquiry into development obsession and policy limits. In: ISSBERNER, L.R.; LÉNA, P. (Eds). Brazil in the Anthropocene: Conflicts between predatory development and environmental policies. New York: Routledge, 2017. DOI: https://doi.org/10.4324/9781315544069

MARTINE, G; ALVES, J. E. D. Economia, sociedade e meio ambiente no século 21: tripé ou trilema da sustentabilidade? R. Bras. Est. Pop. Rebep, n. 32, v. 3, 2015. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-3098201500000027P

MADDISON, A. Maddison Project Database 2020, Groningen Growth and Development Centre, 2020.

MEADOWS, D. et. al. Limites do Crescimento. Um relatório para o Projeto do Clube de Roma sobre o Dilema da Humanidade, Editora Perspectiva, 2ª ed., São Paulo, 1978.

NOAA National Centers for Environmental information, Climate at a Glance: Global Time Series, abril de 2022. Disponível em: <https://www.ncdc.noaa.gov/cag/>, acesso em 10/03/ 2022.

O'SULLIVAN, J. The social and environmental influences of population growth rate and demographic pressure deserve greater attention in ecological economics, Ecological Economics, v. 172, 2020. DOI: https://doi.org/10.1016/j.ecolecon.2020.106648

RIPPLE, W. et. al. World Scientists’ Warning of a Climate Emergency, BioScience, 05/11/2019. Disponível em: <https://academic.oup.com/bioscience/advance-article/doi/10.1093/biosci/biz088/5610806> , acesso em 10/03/2022.

SMIL, V. Energy and Civilization – A History, Cambridge, MA: The MIT Press, 2017. DOI: https://doi.org/10.7551/mitpress/9780262035774.001.0001

SPENCE, Michael. The Next Convergence: The Future of Economic Growth in a Multispeed World, Farrar, Straus and Giroux, 2012. Disponível em: <https://www.amazon.com/Next-Convergence-Future-Economic-Multispeed/dp/1250007704>, acesso em 10/03/2022.

STEFFEN et. al. Trajectories of the Earth System in the Anthropocene, Proceedings of the National Academy of Sciences, v. 115, n. 33, p. 8252-8259, 2018. DOI: https://doi.org/10.1073/pnas.1810141115

SYVITSKI, J., et al. Extraordinary human energy consumption and resultant geological impacts beginning around 1950 CE initiated the proposed Anthropocene Epoch. Commun Earth Environ, n. 32 v. 1, 2020. Disponível em: <https://doi.org/10.1038/s43247-020-00029-y>, acesso em 10/03/2022. DOI: https://doi.org/10.1038/s43247-020-00029-y

THE GLOBAL Carbon Project (GCP), 2001-2021. Disponível em: <https://www.globalcarbonproject.org/>, acesso em 10/03/2022.

UNITED NATIONS, Department of Economic and Social Affairs, Population Division. World Population Prospects 2019, Online Edition, 2019,. Disponível em: <https://population.un.org/wpp/>, acesso em 10/03/2022.

Downloads

Publicado

12/05/2022

Como citar

ALVES, J. E. D. Crescimento demoeconômico no Antropoceno e negacionismo demográfico. Liinc em Revista, [S. l.], v. 18, n. 1, p. e5942, 2022. DOI: 10.18617/liinc.v18i1.5942. Disponível em: https://revista.ibict.br/liinc/article/view/5942. Acesso em: 28 mar. 2024.

Edição

Seção

Desafios das Ciências sociais no Antropoceno