Leitura pública e a possibilidade de modos públicos e comuns para a provisão e fruição dos bens culturais

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18617/liinc.v19i1.6298

Palavras-chave:

Bibliotecas públicas, Bens públicos, Bens comuns, Políticas culturais, Leitura pública

Resumo

As bibliotecas públicas e de acesso público organizam-se para a provisão de um conjunto diferenciado de bens de leitura, declarando-se instituições abertas e de uso público. Abordamos as características da provisão e dos usos de bens em bibliotecas públicas, referindo a complexidade dessas características. A temática da economia das bibliotecas e da leitura pública carece de aprofundamento para se construir reflexão e proposta sobre políticas públicas de cultura, nomeadamente de leitura pública. Avançamos a necessidade de compreender algumas linhas de pensamento económico sobre os bens de leitura, o mercado e a valoração, partilha e fruição de bens culturais. Colocamos o foco sobre a economia da leitura pública em Portugal e a provisão de serviços e bens que propiciem o seu uso partilhado e/ou comum, podendo haver pontos de contacto com outras localizações e outras áreas da cultura. Refletimos sobre a relevância atual das políticas públicas para a leitura em bibliotecas e sobre a necessidade de pensar modos públicos e comuns de provisão e fruição de bens e serviços culturais

Biografia do autor

Amarílis Felizes, Centro de Estudos sobre a Mudança Socioeconómica e o Território, Lisboa, Portugal

Cursa o Doutoramento Interdisciplinar em Economia Política (ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa; Faculdade de Economia, Universidade de Coimbra; ISEG - Universidade de Lisboa), Portugal. Centro de Estudos sobre a Mudança Socioeconómica e o Território (DINÂMIA’CET), Lisboa, Portugal, Instituto de História Contemporânea - Universidade NOVA de Lisboa (IHC), Portugal e Centro de Estudos em Teatro – Universidade de Lisboa (CET), Portugal. Mestre em Economia e Políticas Públicas (ISEG – Universidade de Lisboa), Licenciada em Economia (Faculdade de Economia – Universidade do Porto) e em Teatro (ESMAE-Instituto Politécnico do Porto). ORCID 0000-0001-6665-4187

Paula Sequeiros, Centro de Estudos Sociais, Universidade de Coimbra, Coimbra, Portugal

É investigadora do Centro de Estudos Sociais, Univ. Coimbra (UC), Portugal. A sua área principal de pesquisa intersecciona a literacia da informação, a publicação científica e as bibliotecas. Dinamiza a enLeio, Rede de Investigação Bibliotecas, Políticas e Leitura, desde 2018. Outro foco da sua investigação é o ecofeminismo. É coeditora científica da Oficina do CES. Coorganizadora e formadora no ciclo Publicar sem Perecer, Sobreviver ao Turbilhão no CES. Coorganizadora do ciclo Leituras em Diversidade Cultural e Linguística dirigido à comunidade UC. Desenvolveu o seu Pós-doc no CES com o projeto "A biblioteca no tempo: bibliotecas dos paradigmas do impresso, do oral e do digital". Foi membro do Conselho Executivo do repositório internacional temático e-LIS, de que é editora para Portugal. Mantém compromisso com o Acesso Aberto às publicações científicas. Licenciada em História, Universidade do Porto (U.P.); Pós-Graduação em Ciências Documentais, U.P.; Mestrado em Sociedad de la Información y del Conocimiento, Universitat Oberta de Catalunya, 2002-2004; Doutorada em Sociologia, U.P., 2010, tese sobre usos e representações da biblioteca pública a partir das inscrições de leitores, do espaço e da Internet. Docente em cursos posgraduados de Ciências da Informação e da Documentação de 1988/2006. Foi documentalista em empresas e dirigiu bibliotecas em instituições do ensino superior.

Referências

ADORNO, Theodor W., 2003. Sobre a indústria da cultura. Ed. e prefácio António Sousa Ribeiro. Coimbra: Angelus Novus. ISBN 9789728827205.

ALVIM, Luísa e CALIXTO, José António , 2013. Public Libraries, the crisis of the welfare state and the social networks: the Portuguese case [em-linha]. Em IFLA World Library and Information Congress, 17-23 August 2013, Singapore. [Acesso em 15 fevereiro 2019] Disponível em: http://dspace.uevora.pt/rdpc/handle/10174/8663.

ANDERSON, Elizabeth, 1990. The ethical limitations of the market. Economics and Philosophy. Vol. 6, no. 2, p. 179–205. [Acesso em 15 fevereiro 2023]. DOI: 10.1017/S0266267100001218. Disponível em: https://doi.org/10.1017/S0266267100001218. DOI: https://doi.org/10.1017/S0266267100001218

ANGLADA, Lluís e ABADAL, Ernest, 2023. Acceso abierto: un viaje desde lo imposible hasta lo probable, pero aún incierto. Profesional de la información [em-linha]. Vol. 32, no. 1. [Acesso em 8 fevereiro 2023]. DOI: epi.2023.ene.13. Disponível em: https://doi.org/10.3145/epi.2023.ene.13. DOI: https://doi.org/10.3145/epi.2023.ene.13

BAUMOL, William, 1967. Macroeconomics of unbalanced growth: the anatomy of urban crisis. The American Economic Review. Vol. 57, no. 3, p. 415-426.

BAUMOL, William. J. e BOWEN, William. G., 1965. On the Performing arts: the anatomy of their economic problems. American Economic Review. Vol. 55, no. 1/2, p. 495-502.

BAUMOL, William J. e BOWEN, William G., 1966. Performing arts: the economic dilemma. New York: The Twentieth Century Fund.

BAILEY, Lila e MENNA, Michael Lind, 2022. Securing digital rights for libraries: towards an affirmative policy agenda for a better Internet [em linha]. [S.l.]: The Internet Archive. [Acesso em 4 dezembro 2022]. Disponível em: http://archive.org/details/bailey-menna-securing-digital-rights-for-libraries. DOI: https://doi.org/10.31235/osf.io/wema6

BOURDIEU, Pierre e DARBEL, Alain, 2007. O amor pela arte: os museus de arte na Europa e seu público. 2ª ed. São Paulo, Porto Alegre: EDUSP, Zouk.

BUSCHMAN, John, 2020. Public libraries are doing just fine, thank you: it’s the ‘public’ in public libraries that is threatened. Canadian Journal of Information and Library Science. Vol. 43, no. 2, p. 158–71. ISSN 1920-7239.

CALDAS, José Castro, 2013. A economia dos bens comuns: visões rivais. Em PATO, João, SCHMIDT Luisa e GONÇALVES, Maria Eduarda, ed. Bem comum: público e/ou privado? Lisboa, ICS. p. 109–28. [Acesso em 15 março 2023]. ISBN 9789726713180. Também disponível em: https://repositorio.ul.pt/handle/10451/22896.

COSTA, Leonor Freire, LAINS, Pedro e MÜNCH, Miranda Susana. 2011. História económica de Portugal: 1143-2010. Lisboa: A Esfera dos Livros. ISBN 978-989-626-346-1.

DGLAB, 2022. Rede Nacional de Bibliotecas Públicas: relatório estatístico 2021 [em linha]. Lisboa: DGLAB. [Acesso em 15 março 2023]. Disponível em: http://bibliotecas.dglab.gov.pt/pt/ServProf/Estatistica/Documents/Relatorio_Estatistico_RNBP_2021_V_final.pdf

DGLAB, 2023. Documentação [legal e programática sobre o universo das bibliotecas em geral]. Bibliotecas [em linha]. Atualizada em 2023. [Acesso em 24 fevereiro 2023] Disponível em: http://bibliotecas.dglab.gov.pt/pt/ServProf/Documentacao/Paginas/default.aspx.

ASSEMBLEIA CONSTITUINTE, 1976. Decreto de 10 de Abril. Constituição da República Portuguesa: texto originário da Constituição, aprovada em 2 de Abril de 1976. [em linha]. [Acesso em 24 fevereiro 2023] Disponível em: https://www.parlamento.pt/parlamento/documents/crp1976.pdf.

FELIZES, Amarílis Vaz, 2018. Política cultural em Portugal : determinantes da despesa pública em cultura. Dissertação de Mestrado, Universidade de Lisboa. Instituto Superior de Economia e Gestão. [em linha]. [Acesso em 6 de março 2023] Disponível em: https://www.proquest.com/openview/8c658280ff74eb0ad0015c68927c0627/1?pq-origsite=gscholar&cbl=2026366&diss=y.

FIGUEIREDO, Fernanda Eunice, 2004. Rede Nacional de Bibliotecas Públicas: actualizar para responder a novos desafios. Lisboa: Cadernos BAD, no. 1, p. 60-73. [Acesso em 6 de março 2023]. Também disponível em: http://hdl.handle.net/10760/10982.

HARDIN, Garrett, 1968. The tragedy of the commons: the population problem has no technical solution; it requires a fundamental extension in morality. Science, vol. 162, no. 3859, p. 1243-1248. DOI: 10.1126/science.162.3859.1243. DOI: https://doi.org/10.1126/science.162.3859.1243

HELLER, Michael, 1998. The tragedy of the anticommons: property in the transition from Marx to Markets. Harvard Law Review, no. 111, p. 621–88. Também disponível em: https://papers.ssrn.com/abstract=57627. DOI: https://doi.org/10.2307/1342203

HESS, Charlotte e OSTROM, Elinor, 2007. Understanding knowledge as a Commons: from theory to practice. Cambridge, Mass.: MIT Press. Também disponível em: https://doi.org/10.7551/mitpress/6980.001.0001. DOI: https://doi.org/10.7551/mitpress/6980.001.0001

KLAMER, Arjo, 2009. The lives of cultural goods. Em Jack Amariglio, Joseph W. Childers e Stephen Cullenberg, ed., Sublime Economy: on the intersection of Art and Economics. London, Routledge. p. 263-285. ISBN 9780203890578.

MARTINOVICH, Viviana, 2020. Citation indicators and scientific relevance: genealogy of a representation. Dados [em-linha], vol. 63 nº 2, p. 1-29. ISSN: 0011-5258. [Acesso em 14 março 2023] DOI 10.1590/001152582020218. Disponível em: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=21868483007.

MARX, Karl, 2008. Contribuição à crítica da Economia Política. Trad. e introdução Florestan Fernandes. 2ª ed. São Paulo: Expressão Popular.

MATOS, Ana Raquel, 2017. O direito a exercer direitos: ação coletiva pelo protesto em Portugal e seus impactos. Cescontexto: debates [em linha], out. 2017, p. 178-187. [Acesso em 6 janeiro 2023] Disponível em: https://estudogeral.sib.uc.pt/handle/10316/80999.

MICHELMAN, Frank. I., 1982. Ethics, economics, and the law of property. NOMOS, vol. 39, no. 3, p. 663-690. Também disponível em: http://nrs.harvard.edu/urn-3:HUL.InstRepos:12795539.

MUSGRAVE, Richard A., 1956. A multiple theory of budget determination. FinanzArchiv / Public Finance Analysis, vol. 17, no. 3, p. 333–343. Também disponível em: https://www.jstor.org/stable/40909134.

OSTROM, Elinor, 1990. Governing The Commons: the evolution of institutions for collective action [em linha]. [Acesso em 14 janeiro 2022]. Disponível em: http://archive.org/details/ElinorOstromGoverningTheCommons.

PAIS, José Machado, MAGALHÃES, Pedro, ANTUNES, Miguel Lobo, ed., 2022. Inquérito às práticas culturais dos portugueses 2020. ISBN 978-972-671-685-3. [Acesso em 6 janeiro 2023]. Também disponível em: https://dados.rcaap.pt/handle/10400.20/2109.

SEQUEIROS, Paula, 2011. The social weaving of a reading atmosphere. Journal of Librarianship and Information Science. Vol. 43, no. 4, p. 261–70. DOI: 10.1177/0961000611425823. Também disponível em: http://eprints.rclis.org/18015/. DOI: https://doi.org/10.1177/0961000611425823

STIGLITZ, J. E. e ROSENGARD, Jay K., 2000. Economics of the Public Sector. New York: WW Norton. ISBN: 978-0-393-28839-1.

ZOFÍO, José Luis, 2005. La relevancia económica de la provisión de servicios culturales por las administraciones públicas: las bibliotecas. Em I Encuentro Bibliotecas y Municipios. Peñaranda de Bracamonte, Salamanca. Disponível em: http://hdl.handle.net/10421/1329.

Downloads

Publicado

04/06/2023

Como citar

FELIZES, A.; SEQUEIROS, P. Leitura pública e a possibilidade de modos públicos e comuns para a provisão e fruição dos bens culturais. Liinc em Revista, [S. l.], v. 19, n. 1, p. e6298, 2023. DOI: 10.18617/liinc.v19i1.6298. Disponível em: https://revista.ibict.br/liinc/article/view/6298. Acesso em: 27 abr. 2024.

Edição

Seção

O digital, o tradicional, o novo normal? Espaços, políticas e agentes de Leitura