A monumental violência do presente: reflexões críticas acerca da iconoclastia política do século XXI
DOI:
https://doi.org/10.18617/liinc.v19i2.6581Palavras-chave:
Iconoclastia, Patrimônio cultural, Racismo estrutural, Narrativas hegemônicas, Memória coletivaResumo
O recente aumento da derrubada de monumentos em várias partes do mundo tem reacendido debates sobre memória, identidade e o papel dos símbolos na sociedade. Esta reflexão se debruça sobre a intersecção entre iconoclastia, patrimônio cultural e representação, explorando suas nuances e implicações através de diferentes contextos históricos, sociais e geográficos. O estudo se baseia em uma ampla gama de literaturas, desde teóricos contemporâneos como Silvio Almeida e sua exploração do racismo estrutural, até trabalhos clássicos de Walter Benjamin e seus pensamentos sobre arte e política. O foco é particularmente acentuado no Brasil, onde episódios envolvendo o monumento de Borba Gato e ações similares espelham um confronto entre narrativas estabelecidas e demandas emergentes por reconhecimento e justiça. A metodologia adotada combina uma análise interdisciplinar de fontes primárias e secundárias, bem como uma consideração das manifestações contemporâneas de iconoclastia em redes sociais e meios de comunicação. As descobertas revelam uma complexa tapeçaria de significados e motivações por trás desses atos, que vão desde rejeições de legados coloniais até desafios às narrativas hegemônicas. Em conclusão, a derrubada de monumentos não é apenas um ato de destruição, mas também de recriação e redefinição do espaço público e da memória coletiva
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